quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O Livro

para Murilo Mendes

Encontrá-lo na estante é como visitar um velho amigo. É como dar uma volta pelo presente, passado e futuro, lugares em que a humanidade habita ou deveria habitar, lugares eternos e universais. Acredito, Murilo, que as almas se encontram, e acredito também que as nossas almas tiveram longas conversas num lugar cujo nome na Terra é desconhecido, mas em que a poesia é a supernova prestes a acontecer. 

Nunca entendi porque prefiro verso à prosa, porque prefiro a literatura à vida. Você provavelmente não entendeu. No entanto, as paisagens, as crianças, a vida e a morte, o amor e o pesar nos foram apresentados e precisamos de tudo isso para escrever e descrever. Os poetas abrem seus arquivos  o mundo  e vão retirando dele alegria e sofrimento para que todas as coisas passando pelo nosso coração sejam reajustadas na unidade. Unidade essa que está no porvir, no incompleto e no inacabado, no infinito que tem data de começo e de término, mas que é constante e não acaba. Por tudo isso nossas almas conversam. Por tudo isso sorrio quando o vejo na estante, porque conversamos com toda a humanidade, porque os seus poemas disseram e sonharam antes os poemas que tenho como missão em vida completar. Porque soubemos ser antes poesia do que carne, poesia do que vida, poesia do que eternidade, poesia.

V. M. Brito

Nenhum comentário:

Postar um comentário